Prejudicados pela nova proibição temporária de comemorações e eventos sociais no Rio Grande do Sul, determinada via decreto estadual, empresários e profissionais do segmento comandaram um protesto, nesta quinta-feira (3), contra a rigidez das regras e cobrando igualdade de condições de trabalho entre os setores econômicos. A manifestação foi realizada em Novo Hamburgo, em frente ao Centro de Eventos da Fenac, que sedia uma grande feira de calçados.
Reunindo representantes da região do Vale do Sinos, a mobilização buscou não apenas questionar a liberação da feira, garantida por meio de autorização do governo do Estado antes da publicação do decreto, mas dar visibilidade aos profissionais de eventos e entretenimento, impactados pelos quase oito meses sem trabalhar, em função das restrições da pandemia, e novamente impedidos de realizar suas atividades. “Foi uma manifestação de urgência, organizada em dois dias, para mostrar nossa indignação com a confirmação da feira. Como podem manter um evento desse, se todos os outros, com mais controle e circulação menor de pessoas, estão proibidos?, questiona Serafim Souza, proprietário de uma casa de festas em Novo Hamburgo e um dos coordenadores do ato.
Os manifestantes iniciaram o movimento por volta das 7h, saindo em carreata pelas ruas da cidade, até a Fenac, onde a feira foi aberta às 9h. Vestidos de preto e portando faixas e balões, se dividiram em grupos e protestaram pacificamente nos portões de acesso ao Centro de Eventos e nas imediações do local. Os representantes também se deslocaram até São Leopoldo, onde a mobilização se somou a outro ato, organizado por músicos, próximo ao viaduto do bairro Scharlau. No retorno à Fenac, o protesto foi acompanhado de perto pela Brigada Militar. “Queremos o direito de trabalhar e colocar o pão na mesa das nossas famílias”, diziam ao microfone os manifestantes.
Segundo Souza, ações semelhantes estão sendo organizadas nos próximos dias em diversas regiões do Estado. Nesta sexta (4), uma nova manifestação, com participação de profissionais de casas de festas, músicos e empresários do entretenimento está prevista para ocorrer em frente ao Palácio Piratini, no Centro Histórico.
Ao repercutir o protesto, em entrevista a uma emissora de televisão, o governador Eduardo Leite lembrou que a suspensão de eventos é temporária, até o dia 14 de dezembro, e tem o objetivo de conter a disseminação do vírus antes das festas de final de ano. “A gente está vendo um crescimento de casos e contaminação. Se nada fosse feito agora, lá na frente, quando as pessoas mais vão se encontrar, poderíamos ter uma explosão de casos no Rio Grande do Sul, porque seriam muitos encontros e com muitas pessoas contaminadas. O esforço de agora, de restringir os eventos até o dia 14, é para que reduza esse ciclo de contágio e possamos ter um final de ano com menos restrições, inclusive em relação a eventos”, destacou Leite.
Para Souza, os argumentos do governador não condizem com a realidade das ruas e das cidades gaúchas. “O governador fala, mas ele não vê o que acontece nas ruas. São festas clandestinas por aí a fora, enquanto negociávamos protocolos, aglomerações sem nenhum cuidado sanitário e sem a mínima fiscalização. Nós, que só queremos trabalhar com todos os cuidados necessários, hoje estamos pagando esta conta”, desabafa o empresário.
Por meio de nota, a assessoria da Fenac destaca que a feira de sapatos tem cunho totalmente comercial, nos moldes de um shopping temporário, e respeita os decretos e protocolos de biossegurança. Por conta disso, a entidade entende que “todas as demais atividades comerciais e shopping centers também deveriam ser alvo” do protesto. “Justamente por isso, a Fenac não compreende o protesto infundado ocorrido nas imediações da feira por profissionais do setor de eventos”, reforça o texto.
Fonte: Jornal do Comércio
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